quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Mistérios da Vida

 Três amigos estavam em uma viagem para uma cidadezinha, e iriam encontrar um Sr. que diziam ser o habitante mais velho daquele lugar e diziam saber histórias que até Deus duvida, casos peculiares e sobrenaturais. 

Esses amigos eram jornalistas e estavam atrás de uma boa história, ainda mais uma que poderia ter um fundo de verdade, isso abalaria a sociedade.                 

 Eduardo e Raquel eram casados e João era um amigo de Eduardo desde infância, eles conheceram Raquel na faculdade de Jornalismo e de lá para cá não se desgrudaram mais. Eduardo se apaixonou por Raquel no instante em que a conheceu, eles tiveram um namoro rápido e logo se casaram e tiveram uma filha que se chama Ana.

— João, como foi mesmo que você ficou sabendo dessa história?

— A Eduardo eu já tinha ouvido por aí, algumas histórias de que essa cidade era bem misteriosa e pessoas sumiam aqui sem nenhuma explicação lógica, conheci um, cara que me disse algumas coisas tenebrosas e que já havia morado lá, e que todos falavam do Sr. Euzébio, o homem mais velho e sábio da cidade, diziam que ele sabia de todos os mistérios de lá, achei que seria uma boa ideia a gente ir lá conferir.

— Só você mesmo para colocar a gente nessas furadas, isso está me cheirando mal. — disse Eduardo.

 — Calma querido, se não der em nada pelo menos, vamos conhecer uma cidade nova, vamos encarar isso como um passeio.

 — Isso mesmo. — disse João. Chegando à cidadezinha, tudo parecia calmo, uma cidade normal, foram almoçar e tentar descobrir algo. Eduardo conseguiu descobrir uma ótima Pousada para eles passarem a noite, Raquel descobriu uma ótima lojinha de lembrancinhas e João encontrou o endereço do Sr. Euzébio com o rapaz da venda.

— Me parece que está indo tudo perfeitamente, acho que me enganei, João, essa cidade até parece bonitinha para relaxar.

— Talvez. — disse João.

— Como assim? — perguntou Eduardo.

— Bom quando eu perguntei na venda se alguém conhecia o Sr. Euzébio todos me olharam com uma cara séria e demoraram a responder, um rapaz perguntou o que eu queria, eu disse que viemos entrevistá-lo a respeito das histórias misteriosas que ele conhecia.

O rapaz me deu o telefone dele e disse: — você tem certeza de que quer saber?

 — Eu peguei o telefone e logo saí de lá, gente estranha. 




                                                                       ...

Chegaram à Pousada e já foram logo indo para os quartos. No caminho, João esbarro com uma moça e, quando João viu Clara, seu mundo parou, ele nunca tinha sentido algo tão forte e, ao mesmo tempo, tão reconfortante, como se tivesse encontrado a Paz em seus olhos. Clara, quando o viu, sentiu que o coração iria sair pela boca e, ao mesmo tempo, era como se ela tivesse encontrado algo por qual procurou a vida toda e não sabia que procurava.







 — Desculpe, Sr., eu sou meio desastrada — disse Clara.

— Não foi nada, prazer, sou o João. Ele estendeu a mão para ela, ela sorriu e apertou a mão dele e disse: — prazer, eu me chamo Clara.

— O que faz uma moça tão bonita nessa cidadezinha?

— Bom, eu recebi uma ligação do caseiro de um tio distante, dizendo que ele faleceu e eu era a herdeira da fazenda dele, e agora estou aqui, e você?

 — Nossa, sinto muito por sua perda, eu e meus amigos viemos entrevistar um senhor chamado Euzébio, nós somos Jornalistas.

— Obrigada, mas eu nunca o vi, vim mesmo porque minha mãe não pode vir. Olha, mas que coincidência, o Sr. que me ligou também chama Euzébio.

Se for a mesma pessoa, podemos ir juntos. Eu contratei um guia, porque dizem que é bem difícil chegar nessa fazenda.

 

— João, quem é a sua nova amiga? Disse Eduardo.

— Essa é Clara. — E esses são meus amigos Eduardo e Raquel.

— Prazer em conhecê-la — disse Raquel e Eduardo.

 Ficaram ali mesmo no corredor conversando, se conhecendo melhor, e descobriram que o caseiro da casa do Tio de Clara era também o homem que eles iriam entrevistar.

— Daqui a pouco o guia deve chegar, acho que ainda dá tempo de conhecermos um pouquinho da cidade antes que escureça. — disse Clara.

Olá sou Paulo, o Guia da cidade, estou procurando a Senhorita Clara.

Oi sou eu, gente, esse é o guia de quem lhe falei, ele foi indicado pelo gerente do hotel, será que ainda dá tempo de ver alguma coisa?

— Sim, podemos aproveitar o final da tarde para eu mostrar a cidade para vocês. — disse Paulo.

 — Está bem, deixa eu ligar para minha mãe e ver se está tudo bem com a Ana e avisar que chegamos bem. — disse Raquel.

Raquel foi ligar para sua mãe e voltou logo.

— Vamos, gente, já liguei e estão todos bem em casa, podemos aproveitar o passeio.




 O Guia foi mostrando os campos e contando algumas histórias da cidade para eles. A cidade era linda, aquelas cidadezinhas do interior, com cara de aconchego. Eduardo e Raquel se sentiam em férias, afinal amavam sua filha, mas desde que ela chegou, eles quase não tinham tempo para eles mais. Clara e João vinham logo atrás conversando, ambos sentiam como se já se conhecessem há tempos e aquilo fosse apenas um reencontro, mas nenhum deles quis comentar isso, resolveram curtir o momento.

Voltaram para a Pousada, afinal já estava escurecendo, e pela manhã o guia iria levá-los para as estradas vermelhas e até a fazenda onde estava o Sr. Euzébio, pois era muito afastada e ambos não saberiam chegar. Já era noite, e João estava na varanda quando Raquel apareceu e ele estava olhando para o céu.

— Não me lembro de te ver assim com os olhos brilhantes há tempos, o que está te fazendo tão feliz? Não é só essa suposta história que esse Sr. pode nos contar, não é?

Ele olhou para ela com um sorriso no rosto e disse: — Não Raquel, não é só isso parece que encontrei a paz, não sei te explicar, desde o instante em que conheci a Clara parece tudo mudou, foi envolvido por uma imensidão de sentimentos que não senti antes, quando olho nos olhos dela me sinto totalmente confortável como se a já conhecesse há muito tempo, não sei explicar.

— Acho que você foi fechado pelo cupido meu amigo, fico feliz por você, disse ela com um sorriso no rosto e feliz por ele.

 

 

Era de manhã e eles já estavam na estrada, estavam chegando nas terras vermelhas e ainda não tinham entendido o porquê do nome, até verem que os campos eram de terra vermelha, muita terra vermelha por todo lado, tinha arvores verdes, mas no chão apenas à terra vermelha e na estrada muita lama, passaram por fazendas, os bois e vacas bem magros, o tempo foi mudando e o céu ficou nublado, todo o campo por, onde passaram eram vermelhos, com cercas pretas algumas árvores verdes e a maioria arvore secas.







 — Bom, daqui para frente temos que ir a pé, não dá para ir de carro, pois são dunas de terra vermelha e têm apenas pontes, aqui chove muito e tudo vira lama, então não tem estrada — disse o Guia.

Todos desceram do carro e caiu uma leve garoa. Estava frio, começaram a andar pela estrada cheia de lama, pelo caminho chegaram a ver alguns animais mortos, cada passo que davam, o local ficava mais aterrorizante.

— Nossa, esses bichos estão passando fome, estão morrendo — disse Clara.

 — Essa região sempre foi assim, procurem não se abalar, daqui para frente só piora. — disse o Guia.

— Acho melhor voltarmos, não estou gostando disso, esse lugar é horroroso — disse Raquel com um aperto no peito e agarrou a mão de Eduardo.

 — Vamos voltar, também não estou gostando disso. — Disse João.

Todos concordaram, mas o Guia disse: — Estão tão perto de descobrir o que vieram buscar, vão se deixar abalar por isso?

Todos se entreolharam e continuaram, passaram por duas pontes de madeira já bem velha e o que tinha em volta era muita lama, como se fosse um rio de lama vermelha. Chegaram a uma estrada e nela tinha cervos mortos e moscas, alguns cervos magros, mas sem forças para se levantarem devido à fome, tinha uma vaca já morta e um bezerro bem magro caído ao seu lado, agonizando de dor, uma cena horrível de se ver. Eles estavam horrorizados com o que viam, só piorava e odor de podridão cada vez pior.

  Clara apertou a mão de João e seu coração foi à boca, uma mistura de medo, pena e nojo, ao ver aquela situação. Começou a chover e eles apertaram o passo, passaram por outra ponte. Quando ela quebrou e o guia foi levado pelo rio de lama vermelha, eles gritaram e tentaram ajudá-lo, mas não conseguiram.

Raquel abraçou Eduardo e disse: — O que vamos fazer agora?

— Temos que continuar, afinal, não tem como a gente voltar.

Sentiram pela perda do Guia e tinha esperança de encontrá-lo vivo, Eduardo e Raquel estavam um pouco na frente e já tinham saído da ponte, quando João e clara estavam prestes a sair, um pedaço da ponte de madeira cedeu e Clara caiu, mas João foi mais rápido e conseguiu puxá-la pelo braço, já perto da beira entre ponte e terra.

— Ainda bem, fora apenas um susto — disse ele abraçando-a, olhando em seus olhos e perguntou se estava bem. Ela, olhando para ele, respondeu que sim. O tempo foi se abrindo e viram uma casa logo à frente, no que parecia um chalé. Chegando lá, avistaram um senhor na varanda fumando um cachimbo, aparentava ser de origem indígena e bem velho.

— Eduardo perguntou —   Ei você é o Sr. Euzébio?

 — Sim, sou eu, vamos entrar, vocês estão molhados e devem estar com frio.

 Eles entraram, o Sr. deu toalhas para que eles se secassem e eles foram contando o que tinha acontecido com o Guia e pediram um telefone para poder chamar o resgate.

— Não precisa, ele já foi resgatado, não se preocupem. — Disse o Senhor aparentando toda a calma do mundo em seu rosto.

— Como o Sr. sabe? Perguntou Eduardo.

O Sr. deu um leve sorriso no canto da boca.

— Eu sei tudo o que acontece por aqui.

— Como iremos voltar, a ponte quebrou, o Sr. conhece outro caminho? Perguntou Raquel.

— Sim, conheço, mas vocês não vão voltar, o caminho de vocês agora é outro.

— Como assim? Indagou João...

— Vocês vieram aqui atrás de uma história, uns conseguiram mais que isso

— Disse ele olhando para João e Clara.

— Sente-se eu vou lhes contar o que aconteceu e vocês irão entender tudo.

 

 




                                                                              ...

O telefone tocou na casa da Dona Joana, a mãe de Raquel.

 — Alô, poderia falar com a Sra. Joana?

— Sim é ela, em que posso ajudar?

—  Sra. me chamo Paulo, sou policial e estou ligando a respeito de Raquel

Montego Silvano e Eduardo Silvano a senhora os conhece?

— Sim, conheço é minha filha e o esposo dela, o que está acontecendo?

— Sra. por favor mantenha a calma, encontramos os documentos deles e junto tinha o seu contato, no carro em que eles estavam, ouve um acidente e eles entraram em conflito com outro veículo na Rodovia 37, infelizmente sua filha, o Sr. Eduardo e o outro passageiro que estava com eles, vieram a óbito, a motorista do outro veículo também veio a óbito, precisamos que alguém venha a cidade de Compadecida para fazer o reconhecimento dos corpos.

 Joana começou a chorar, não podia acreditar no que estava ouvindo, tentou se acalmar e escutar o que o policial dizia. Ela se acalmou, enxugou as lágrimas, pensou como iria contar para Ana, de apenas 3 anos, que seus pais haviam falecido, ligou para uma vizinha e pediu que cuidasse de Ana.

— A vovó vai ter que sair, mas a dona Maria vai cuidar de você até eu voltar. Ela pegou sua bolsa e sal as presas. Estava nervosa e queria que tudo aquilo fosse uma mentira. Chegando na cidade de compadecida, 2 horas após ter saído de casa, ela foi até a delegacia local e procurou por Paulo, o policial que ligará para ela.

Ele a levou até o IML da cidade para o reconhecimento dos corpos.

Ela viu ali sua filha e seu genro, do outro lado estava João, e em outra mesa uma moça.

— A Sra. está bem? Sim, respondeu ela chorando, essa é minha filha e meu genro, esse é amigo deles, o João.

 — Quem é essa moça? Perguntou ela.

 — Essa é a motorista do outro veículo, se chama Clara Albuquerque Ventosa, ela também morreu na hora, assim como eles, o legista disse que foi instantâneo, não sofreram.

— Eles estavam viajando?

Eu preciso saber para colocar em meu relatório — perguntou o policial.

 — Eles iriam a uma cidade vizinha aqui, fazer uma reportagem com um Sr. local, o nome da cidade é: Caminho de Deus.

O policial olhou para ela com uma cara de quem não nunca tinha ouvido falar.

 — Nunca ouvi falar dessa cidade.

— Como não, ela é cidade vizinha de compadecida.

— Não, Sra. Eu cresci aqui e vivi a minha vida toda aqui, nunca ouvi falar desse lugar.

— Mas isso é impossível, eles foram para lá, minha filha me ligou de lá ontem assim que chegaram lá, para dizer

que estava tudo bem.

 — Sra., aqui não existe uma cidade com esse nome, sou policial há 30 anos e nunca ouvi falar dela, bom a Sra. tem algum contato de algum familiar do outro rapaz? Nós não encontramos nada.

 — Sim, tenho, pode deixar, eu dou a notícia para a família.

 — Ok, Obrigado.

Paulo foi tomar um café, estava exaustado, e olha que o seu turno só tinha acabado de começar. Ele acordou mais cansado do que quando foi dormir.

— Nossa, parece que caminhei a noite toda, estou exausto. Comentou ele com um colega enquanto tomava um café.

— Seu espírito deve estar fazendo hora extra enquanto seu corpo dorme — disse o colega brincado.

— Eu não acredito nessas coisas, você sabe, mas está parecendo que trabalhei mesmo — disse Paulo.

Dona Joana saiu da sala e foi lá fora para ligar para a família do João, nem sabia como iria dar a notícia para eles, ela se sentou no banco de frente à delegacia, ao lado de um senhor que estava fumando cachimbo. Ela começou a chorar, e o velho Sr. lhe estendeu a mão com um lenço.

— Obrigada, hoje o dia está sendo terrível, perdi minha filha e meu genro no mesmo dia e ainda tenho que avisar à família de um amigo deles que eles também perderam alguém.

— Vocês não perderam ninguém, eles apenas estão seguindo outro caminho, não pense desse modo, lembre-se das coisas boas que viveram juntos. Ele colocou a mão em seu ombro e sorriu.

Ela parou de chorar e, de alguma forma, aquele Sr. a acalmou.

— Agora tenho que ir, até mais. — Espere, qual seu nome?

 — Eu tenho vários nomes, mas pode me chamar de Euzébio, todos me chamam assim aqui.




 Autora: Mayara Tamires de Oliveira - Wily Tamy





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